Autor: José Gomes Ferreira
Editora: Publicações D. Quixote
Classificação: *****
Publicado pela 1ª vez pela Portugália Editora, em 1965, inserido na colecção "Obras de José Gomes Ferreira". Recebe nesse ano o Prémio da Casa da Imprensa. No ano seguinte a mesma editora publica a 2ª edição. As publicações futuras ficaram a cargo das Publicações D. Quixote. Nesta obra o poeta dedica-se, ao longo de perto de duzentas páginas, a "pentear nuvens e lembranças", com ênfase para a sua primeira aventura Poética - (quando tinha 8 anos) : "no dia em que reparei na existência das palavras"- e a partir daqui todo o seu percurso dedicado à Poesia e Literatura (como uma espécie de redescoberta de si próprio).Apesar do carácter auto-biográfico da obra, Alexandre P.Torres interroga-se se o retrato que o autor apresenta será mesmo o verdadeiro, ou se o autor, como tantos outros autobiógrafos, é também um "mestre da omissão" (segundo a expressão de Goethe) : "E se sepulta o que lhe convém, mesmo quando a memória de si é a das palavras que recebeu e restituiu, e dos factos que fizeram com que elas fossem primeiro herdadas e depois legadas, não podemos acreditar que ele nos ofereça de bandeja mais do que aquela série de efemérides ligadas às circunstâncias que o ajudam a perpetuar uma certa imagem de si. (...) José Gomes Ferreira edifica, neste livro, uma persona, e, o que mais, transforma em persona as figuras do meio literário que são pano de fundo dos sucessos que evoca."O autor, de facto, na progressão da sua persona, não conta tudo a respeito de si próprio: num texto de 230 páginas (excluídas as "Glosas"), 148 são para nos contar a sua vida até aos 25 anos. Depois 80 páginas para 40 ano (paradoxalmente o período em que a sua verdadeira obra começa a surgir).Pode-se assim concluir que o autor se dedica àquilo que ele próprio considera mais importante na sua vida.
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