Autor: Mário-Henrique Leiria
Editora: Editorial Estampa
Classificação: *****
Incluindo prosa e verso, Contos do Gin-Tonic, datado de 1973, colige textos onde o nonsense, a narrativa insólita e o escárnio produzem um humor que tem como alvo o absurdo real. A maioria dos contos é de dimensão muito reduzida, desde uns microcontos de poucas linhas até duas ou três páginas, raramente mais, estando todos eles recheados de surrealismo, subversão e humor sarcástico, sendo também evidente a marca do contexto político da época.
Apresentação do autor na primeira edição, só por si um bom motivo para ler estes contos:
“Mário-Henrique Leiria nasceu em Lisboa em 1923. Frequentou a Escola de Belas Artes, donde saiu apressadamente. Entre 1949 e 1951 participou nas actividades da movimentação surrealista em Portugal. Depois começou a andar de um lado para o outro. Teve vários empregos, marinha mercante, caixeiro de praça, operário metalúrgico, construção civil (não, não era arquitecto, carregava tijolo), etc., pelas terras onde andou: a Europa cristã e ocidental, o Mediterrâneo norte-africano, o Oriente Médio e até, dizem, os países socialistas. Não ia aos Balcãs porque tinha medo, todos lhe diziam que lá os bigodes eram enormes e as bombas estoiravam até no bolso. Um dia teve de passar por lá. Os bigodes eram realmente grandes, mas toda a gente sabia rir. Tirou o casaco e bebeu que se fartou. Em 1958 meteram-se-lhe ideias na cabeça e foi até Inglaterra, para aprender coisas. Não aprendeu e voltou. Entre 1959 e 1961 foi casado e não fez mais nada. Em 1961 foi para a América Latina donde voltou nove anos depois. Por lá conseguiu ser, entre outras actividades menos respeitáveis, planejador de stands para exposições, encenador de teatro e até director literário de uma editora. Fizera progressos. Agora está chateado, vive em Carcavelos e custa-lhe muito a andar.”
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